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Elas inovam na região Metropolitana e Litoral Norte: Juliana Klas, professora e pesquisadora da UFRGS

Formada em Engenharia Elétrica e com atuação no litoral do RS, Juliana é oitava perfilada de série da Sict

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Juliana Klas com o símbolo da série Elas inovam e o mapa do RS com a região metropolitana e litoral norte em destaque
“A cada dia me sinto mais realizada no que eu faço”, afirma Juliana - Foto: Divulgação
Por CÂNDIDA SCHAEDLER ASCOM/SICT

"A cultura da inovação só é cultura de inovação quando ela é aberta, inclusiva e afeita às mudanças de paradigmas. Todos esses aspectos levam, em algum momento, à equidade de gênero. Em outras palavras, eu acredito que a inovação só acontece em um ecossistema plural, onde a equidade, não só de gênero, mas também dele, existe", afirma Juliana Klas, bacharela, mestra e doutora em Engenharia Elétrica que atua na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - campus Litoral Norte. Com 48 anos e carreira firmada na área Stem (sigla em inglês para áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática), ela relata que as dificuldades oriundas do gênero ainda persistem, mas que se sente realizada dentro de sala de aula, onde nascem e se desenvolvem discussões e construções coletivas com jovens. 

Juliana tem experiência em projetos de automação e gestão de energia e gerenciamento da tecnologia, atuando na regulação e no planejamento do setor energético. Ao lado de duas colegas, lidera um projeto para qualificar e promover a cadeira produtiva da energia solar fotovoltaica, por meio do Selo + Energia Sustentável. Além de se orgulhar dessa construção, também destaca que todos os trabalhos de conclusão de curso e cada projeto de extensão que coordena a enchem de felicidade. 

Quanto à liderança sendo mulher, abrindo espaços em uma região interiorana do estado, ela pondera: “Em sala de aula, pela natureza confiante da juventude, e pela minha crença de que esse é um espaço de respeito e cuidado para o aprendizado coletivo, a liderança acontece de forma natural”, avalia. No entanto, afirma que o interior tende a ser um local menos aberto à diversidade, o que pode ser percebido em pequenas ações cotidianas: “Alterar esses espaços e essa lógica é complicado, leva tempo e necessita de muita energia de várias pessoas”. 

 

Conciliar carreira e maternidade 

A conciliação de carreira profissional e maternidade é um dos desafios que Juliana transpôs para se firmar no meio acadêmico. Na visão dela, a sociedade não está preparada para facilitar a vida da mulher que trabalha no setor da energia, principalmente para as que são mães. Ela cita episódios que vivenciou por amamentar a filha até os dois anos de idade: “Me recordo de longas caminhadas em busca de um banheiro em empresas onde eu prestava serviço. Nos nossos empregos, não temos espaços que acolhem mães e filhos, especialmente em fase de amamentação”. 

Ela pondera que a pandemia alterou um pouco esse cenário, uma vez que, hoje, há a possibilidade de trabalhos mais flexíveis e trabalho remoto, o que permite acompanhar os filhos em ocasiões especiais. "Ser mãe e necessitar atender inúmeras atividades no decorrer do dia, tanto de cunho pessoal e profissional, no estilo do filme de ficção ‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo’, é um desafio e tanto”, compara, citando o filme dirigido Daniel Kwan e Daniel Scheinert que levou sete estatuetas no Oscar 2023, inclusive a de Melhor Filme. 

 

Um novo caminho 

Nem sempre Juliana atuou em ambientes acadêmicos. Ela trabalhou, por 10 anos, em uma multinacional referência no segmento de automação industrial e controle de movimento. Diz que se sentiu valorizada pela capacidade intelectual e criativa, que teve oportunidade de viajar, conhecer vários países e pessoas, mas que reconhecia a falta de propósito no que executava diariamente. “Eu não via minhas muitas horas de trabalho promovendo um desenvolvimento mais sustentável para a sociedade”, resume. 

Na ocasião, já em posição de gerência, tomou a decisão de mudar de carreira. Optou por um mestrado na área de energia e sistemas de potência e, no fim do mestrado, também iniciou um novo projeto: o da maternidade. Olivia nasceu uma semana antes da defesa do mestrado e, aos três meses, já participava como ouvinte nas aulas de Máquinas Elétricas”, recorda. Hoje, como professora universitária do curso de Engenharia de Gestão de Energia, garante que as escolhas se mostraram positivas. “A cada dia, me sinto mais realizada no que eu faço em conjunto com todos os colegas de docência e, principalmente, com os estudantes. Sou muito realizada como professora e mãe. Toda a energia que transformei nessa transição valeu a pena”, comemora. 

 

Elas inovam 

Para marcar o Dia Internacional da Mulher, a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul coloca sob os holofotes mulheres que estão moldando as políticas de inovação do estado. “Elas inovam” é uma série que conta a trajetória de oito profissionais, uma em cada ecossistema regional de inovação, que inspiram e apoiam outras mulheres, liderando transformações na tríade inovação, ciência e tecnologia dentro de universidades, hubs de inovação, startups e empresas.  

Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia